12 de junho de 2012



focas-te nos meus olhos, em busca dos grandes derrames avermelhados ou da lenta reacção das minhas pupilas, mas nada encontras. é então que pegas na faca afiada e a fazes deslizar suavemente ao longo da parte interior do meu braço, julgando este estar ainda dormente de todas seringas já ali espetadas. dou um impulso com o braço, a minha reacção surpreende-te, já recuperei a sensibilidade. passaram quatro dias e já estou em detox, a ressacar.  passaram quatro dias e agora tu voltaste, não foi, meu cabrãozinho? era uma questão de tempo, eu sabia bem disso e, ainda assim, inesperado. o ambiente está pesado e tenso, a multidão assume o controlo daquela que foi a nossa casa, acabou a calma. tu, tu estás diferente, sinto uma desconfiança crescente e muitos passos à retaguarda. assim, deixas-me desconcentrada, sem ar. desisto, hoje não dá mais. adeus. 
até que esboças um sorriso, soltas meia dúzia de palavras e tudo estremece, outra vez.

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