2 de janeiro de 2013

mãe, está frio e eu tenho medo, não quero sentir o cair da noite. não me quero deitar, não irei dormir, não irei dormir até perseguir todos os becos do meu pensamento. pensar dói, cada vez mais.

diana ferreira, não existe, não é mais do que ossos e tecidos; corpo.
df é fluido, preenche intersticios vazios, interstícios que a queiram receber. como bom fluido que é, df diminui a velocidade com o aumento da pressão. não se quer meter em problemas, quando é encostada à parede deixa-se ir contra ela, doa o que doer.
df, já foi sólido, capaz de mudar o mundo. praticava aquilo que acreditava, queria aquilo que decidia.
df crê já ter amado, ou ainda ama, o mesmo homem, ainda que não conheça o calor de tal sentimento. no entanto, df não crê em felicidade, mas sim em intensidade.
df não quer estar aqui, mas não é capaz de não estar. porquê? porquê aqui? porque não na irlanda, croácia ou brasil? porquê sociedade, expectativas? aqui eu não sou nada. sou o que querem que eu seja, há meses que não sou eu. mas o eu não existe, porque o meu eu não sabe o que quer, o que é ser eu. df está quebrada em pedaços, nunca sabe qual dos eu's está em controlo.

estou fora da frequência, não me sinto dentro de nada, não sinto nada dentro de mim.

df não quer ter o seu destino traçado pela lenta e dolorosa degradação daquilo que a torna um animal vertebrado. (apesar de saber que é só uma negação do inevitável)

df quer desaparecer, fechar-se numa pequena casa longe de tudo e não sair de lá durante um mês. comida, uma lareira e uma estante gigante de livros. ler, ler, ler. fugir da realidade, sentir aquilo que só os livros nos fazem sentir. viver ainda mais a quente, as ilusões da verdade ou a verdade das ilusões.

df quer dar tudo o que tem à sua família, por tudo o que fizeram por ela: bom e mau.

df não quererá nunca perder alguns dos seus amigos; não tem medo de time-bombs.

df quer encontrar paz, o conforto da ausência de vozes; o lugar do silêncio preenchido unicamente por inalações. as palavras substituídas por olhares sinceros, por toques (como aquele, no sábado passado, sabes?). df deseja amar oficialmente como já julga amar.

df quer saber de uma vez por todas o caminho a seguir, sentir unicidade, sem sequer se incluir na sociedade.

eu penso claramente em morte, way more often than i should.

df reconhece a incoerência destes fragmentos, não se sente capaz de acabar.
não se sente capaz.

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