o medo constante de morrer transporta com ele uma ânsia de viver tudo de uma só vez, como se o tesão nunca acabasse ou, por outro lado, estivesse mesmo para acabar. pensa-se unicamente a curto prazo e, no entanto, tudo é insípido: este medo consome qualquer possibilidade de prazer.
sou para ti uma insignificância do que és para mim. ao lado do mundo, sou só mais uma fonte de prazer até ao dia em que deixe de saciar a tua sede.
mas tu és insaciável, mas não o sabes e achas mesmo que um dia vais sair com satisfação dos lençóis ainda quentes de uma cama vazia de sentimento.
a verdade é que os meus ciclos são bem maiores. porquê? acaricio a morte todos os dias; percorro as suas costas com as minhas mãos suadas. beijo ternamente a sua região lombar. vagarosamente, alcanço as suas costelas e pequenas dentadas, são suficientes para que ela estremeça. em vão, esforça-se para que eu lhe solte as mãos que agarro violentamente. quer olhar-me nos olhos, mas eu nego-lhe essa vontade. "nem penses que me vais dominar". finalmente, desprende-se e, imediatamente, fecho os olhos. acendo a luz. e assim o fim distancia-se um pouco mais do tempo presente.
olhar a morte nos olhos significa perder o controlo. é admitir a fraqueza e a fragilidade Humana. será a probabilidade de viver mais um dia inferior à de morrer?
sejam bem vindos ao mundo dos prazeres imediatos.
onde o futuro não passa de uma promessa que nunca se irá cumprir, isto porque apenas se quer viver o presente. onde reinam os pólos ténues da dor e do prazer: chora-se de felicidade, ri-se de tanta dor. onde as forças são unidireccionais. onde o equilíbrio dar-receber é inexistente. onde se deseja que nos caiam aos pés e atrás de nós rastejem. onde o eu é magno até ao dia em que tudo está perdido e só nesse dia, quando tudo desaparece, as dimensões maximizam-se.
é então que declaramos guerra ao mundo. julgamos ser vitimas de tudo à nossa volta quando, na verdade fomos nós mesmos escavar o buraco onde estamos. e está frio, e está escuro. no entanto, há sempre quem aprecie uma boa dose de escuridão.
há mais para além de gostos comuns, talvez sejam uma condição necessária, mas não é, de todo suficiente. é necessário o factor risco, aquilo que despoleta o verdadeiro interesse. mostra-me todas as peças do puzzle, quantas mais melhor, e eu irei perder horas infindáveis a colocá-las, uma a uma, no sitio certo. e não te preocupes, quando eu me cansar de analisar a obra final, eu desfaço-te e volto a montar tudo.
e hoje vou chegar à cama e desejar sentir-te, no meio dos meus lençóis. sentir o teu cheiro, o teu batimento cardíaco, o teu toque.
num instante quero viver; no seguinte quero morrer, mais um e já não quero nada.
num instante amo-te; no seguinte odeio-te, mais um e já me és indiferente.
num instante vemos diante de nós todos os motivos pelos quais vale a pena viver, todas as razões que nos aproximam de uma segunda pessoa. no seguinte passa-nos pela cabeça tudo aquilo que nos faz sentir sós e distanciar-mo-nos da humanidade. mais um e já não sabemos o que queremos, a vida e a morte não nos chegam como resposta para nada. e a leveza com que alternamos entre estes dois paradigmas assusta e ao mesmo tempo reconforta.
deixa-te inundar pela vida, que ela entre em ti e te invada todos os poros. a felicidade, tal como a miséria são regidas por mecanismos de feedback positivo e está tudo nas nossas mãos, nas nossas cabeças.
é então que declaramos guerra ao mundo. julgamos ser vitimas de tudo à nossa volta quando, na verdade fomos nós mesmos escavar o buraco onde estamos. e está frio, e está escuro. no entanto, há sempre quem aprecie uma boa dose de escuridão.
há mais para além de gostos comuns, talvez sejam uma condição necessária, mas não é, de todo suficiente. é necessário o factor risco, aquilo que despoleta o verdadeiro interesse. mostra-me todas as peças do puzzle, quantas mais melhor, e eu irei perder horas infindáveis a colocá-las, uma a uma, no sitio certo. e não te preocupes, quando eu me cansar de analisar a obra final, eu desfaço-te e volto a montar tudo.
e hoje vou chegar à cama e desejar sentir-te, no meio dos meus lençóis. sentir o teu cheiro, o teu batimento cardíaco, o teu toque.
num instante quero viver; no seguinte quero morrer, mais um e já não quero nada.
num instante amo-te; no seguinte odeio-te, mais um e já me és indiferente.
num instante vemos diante de nós todos os motivos pelos quais vale a pena viver, todas as razões que nos aproximam de uma segunda pessoa. no seguinte passa-nos pela cabeça tudo aquilo que nos faz sentir sós e distanciar-mo-nos da humanidade. mais um e já não sabemos o que queremos, a vida e a morte não nos chegam como resposta para nada. e a leveza com que alternamos entre estes dois paradigmas assusta e ao mesmo tempo reconforta.
deixa-te inundar pela vida, que ela entre em ti e te invada todos os poros. a felicidade, tal como a miséria são regidas por mecanismos de feedback positivo e está tudo nas nossas mãos, nas nossas cabeças.
abraça-me, não me deixes ir enquanto não chegar a minha hora. não te quero de uma só vez. quero que sejas como as ondas e vás e venhas, incessantemente. abraça-me outra vez e eu devolvo-te um beijo. não te quero deixar ir, mas eu não sei como fazê-lo. desculpa-me por isso e abraça-me.
há quanto tempo dura este abraço?
quanto mais irá durar?
que esta não seja uma das tuas realidades a curto prazo. eu não vou deixar.
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