12 de abril de 2017


há um problema geracional
que nos persegue 
e há muito que deixou de ser uma questão
meramente pessoal, individual.
esta constante negação
numa vida que prossegue
com uma exponencial crise existencial
que nos afunda numa ilusão
que culmina em
desilusão.

os medos de
ouvir um “não”,
de falhar.
a solução
que passa tendencialmente
por adiar.

fobias estáticas,
ansiedades metastáticas 
que proliferam indefinidamente
por uma corrente
torrencial de pensamentos
e respectivos contra-argumentos
que, em todo o caso,
nos amarra ao passado das promessas
de um futuro que, hoje, sabemos utópico.

agora, já ninguém tem pressas,
o horizonte caleidoscópico, 
instável e detestável,
potencia esta incapacidade,
imobilidade.

porque, na verdade, o ideal:
quanto menos decisões,
mais nos afundamos nas alucinações.
aquilo que é real
nunca nos será suficiente.

no entretanto,
pede mais um fino,
estás demasiado ciente. 

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