1 de junho de 2021


Manual de instruções para vertigens


Deixa que a apatia te invada e te sufoque. Segue o sabor do mar, o movimento oscilante das ondas, há pouco que possas fazer, não sabes o que fazer e mesmo que fizesses a mínima ideia, nem tentes: não está nas tuas mãos . Reserva-te ao dia a dia, não há como falhar.


Ausentei-me de mim por um momento que agora me parece eterno. Foda-se, esta dormência que pesa, o vento que passa e me ensina uma reza, perversa, convexa e tão desconexa.


A parte engraçada - basta outro mero instante para reverter. Caralho, é tão bom viver.


Chegaste suave, como o sol de uma manhã clara de inverno e eu fui ao teu encontro. Os reagentes eram certos e rapidamente entramos em ebulição. Se são forças magnéticas invisíveis que nos deixam a pairar nesta esfera no vazio, porque haverá a distância nos intimidar. As forças invisíveis estão lá, da mesma forma, a nosso favor.


O som chega de forma diferente, a frequência sincronizou e as partículas deixam no ar um transe constante. Bebo as tuas palavras noturnas e fico sem fome. O dia é o pretexto, o caminho até à noite, o caminho até aqui. A esta calma tenebrosa, esta tão certa incerteza que me acalma.


Não sabemos o que nos espera e eu confio que esta leveza nos ascenda até sentir o vertigo - tudo a andar à roda - e sem olhar para baixo, sabemos instintivamente por onde caminhar sem medo de cair, sem medo de sorrir.

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