Londres. fisicamente, tenho tudo guardado numa das muitas caixas de sapatilhas arrumadas cuidadosamente na parte de cima do meu roupeiro. no entanto, não consigo sequer pensar que o que está lá dentro ou mesmo as centenas de fotos tiradas são capazes de reflectir o que quer que seja sobre esta viagem. passou quase um ano, mas a verdade é que não é possível enquadrá-la num tempo exacto. Londres é uma miragem, num tempo paralelo, que me acompanha diariamente, como uma recordação incompleta. uma experiência boa, má; fascinante, concreta e abstractamente. Londres não foi real, mas sentimo-lo em nós, como uma espécie de cicatriz que nos marcou para sempre, pela intensidade dos dias por lá passados, momentos sem tempo nem lugar definidos. deixei lá parte de mim, em conjunto com uma parte de todos vocês, em contrapartida, aquela cidade deu-nos uma parte dela também. um dia, espero que estas partes se voltem a unir e, aí, talvez esta viagem se complete, ou pelo contrário, nos faça desejar outro e outro regresso, quem sabe, não ficar por lá?
de sonhar.
deitada no chão, a escuridão e os arrepios preenchem o vazio que há em mim e o meu corpo responde com reflexos semelhantes a espasmos. sinto-me a ressacar. preciso de te olhar nos olhos, de te injectar nas minhas veias e sentir-te percorrer o meu corpo. entre a distorção, caio num sono profundo que traz o meu desejo com ele: estás ali, ao meu lado, já te consigo sentir, outra vez.
das coincidências.
andas a meter-te em caminhos perigosos. achas mesmo que podes andar aí a semear coincidências nas cabeças alheias, quando és tu que as tentas criar? pensas que estás em controlo de alguma coisa? ninguém está na posição de o fazer sem sofrer, logo de seguida, as duras consequências.
da familia.
cada vez sinto que a família não passa de uma obrigação, de um acréscimo de responsabilidades. porque chegamos aqui e dizem-nos "toma lá, agora aguenta aí, estás preso a essas pessoas para o resto da tua vida". estar-se preso tem benefícios, os básicos, mas depois há o outro nível em que não se é compatível, quando as opiniões e maneiras de ser começam a divergir. porque quando se decide ir viver com alguém, que achamos ser a pessoa certa, há grandes probabilidades de estarmos errados, mas no caso da família, não se escolhe, porque raio é que vai correr bem? não vai, claro que não.
das realidades alternativas e das eventuais concretizações.
há semanas que vivo completamente atravessada entre duas realidades. entre uma realidade concreta que serve apenas para abrir portas à outra realidade alternativa. basicamente, uma base real suporta concepções interiores. há uma pergunta que permanece sem resposta: perante a possibilidade, seria ou não preferível a concretização, como uma fusão total de ambas?
da música e dos livros.
assustadoramente fascinante a convergência do que se ouve e se lê com a vida ou, como se tudo estivesse em sincronia num mesmo plano temporal e espacial. a certa altura já não sei se vivo o que leio/ouço ou leio/ouço o que vivo.
do ciclo de quedas.
quando, de um momento para o outro, deixamos de ter alguma coisa a que estávamos terrivelmente habituados a ter, cai-se. arranja-se todos e mais alguns mecanismos de sobrevivência, criam-se novos hábitos, arranja-se maneira de viver, mesmo abdicando de tudo. certo dia, tudo isso volta, sabemos que é momentâneo e que iremos voltar a perder, mas lá voltamos a dar tudo e voltamos a cair e a cair, vezes e vezes sem conta. e, é por isto, que hoje de manhã, o meu corpo parecia chumbado à cama.
da apatia.
"living by yourself and to yourself is like non-existing", true. sentir que apenas se está de visita na própria vida, como se não fosse nossa. parece que existe demasiado controlo. vai daí, não é necessariamente mau. já alguma vez te tornaste invisível? eu já.
de hoje ao descer a rua.
passei, o dia todo, com falta de ar. ao descer a rua do costume houve uma luta que ainda continua. a minha mente tenta a todo o custo negar, mas o desejo grita e implora que não pares. agora mesmo, com mais força, vem. pede-te que assumas o controlo de uma vez por todas. sinto-me atordoada e tudo à minha volta parece, ao mesmo tempo, estranho e familiar. apercebo-me de que já não estou só. em cada inalação, sinto a tua vontade cravada no meu ser, não estou em controlo. nisto, percorro todos os sítios que me fazem sentir-te por perto, sempre na esperança vã de sentir unicidade. we're just brutes, hooting and howling. "não me perguntes porquê mas sinto a necessidade incontrolável de te ter por perto, talvez ande a viver demasiado numa realidade que não esta. just say the word and i'll do as you say."
e a tudo isto se juntam todos os instintos animalescos que me fazem perder o norte e irracionalmente pedir por mais e mais, sem sequer pensar duas vezes. processar, só depois, quando se volta ao poço.
de sonhar.
deitada no chão, a escuridão e os arrepios preenchem o vazio que há em mim e o meu corpo responde com reflexos semelhantes a espasmos. sinto-me a ressacar. preciso de te olhar nos olhos, de te injectar nas minhas veias e sentir-te percorrer o meu corpo. entre a distorção, caio num sono profundo que traz o meu desejo com ele: estás ali, ao meu lado, já te consigo sentir, outra vez.
das coincidências.
andas a meter-te em caminhos perigosos. achas mesmo que podes andar aí a semear coincidências nas cabeças alheias, quando és tu que as tentas criar? pensas que estás em controlo de alguma coisa? ninguém está na posição de o fazer sem sofrer, logo de seguida, as duras consequências.
da familia.
cada vez sinto que a família não passa de uma obrigação, de um acréscimo de responsabilidades. porque chegamos aqui e dizem-nos "toma lá, agora aguenta aí, estás preso a essas pessoas para o resto da tua vida". estar-se preso tem benefícios, os básicos, mas depois há o outro nível em que não se é compatível, quando as opiniões e maneiras de ser começam a divergir. porque quando se decide ir viver com alguém, que achamos ser a pessoa certa, há grandes probabilidades de estarmos errados, mas no caso da família, não se escolhe, porque raio é que vai correr bem? não vai, claro que não.
das realidades alternativas e das eventuais concretizações.
há semanas que vivo completamente atravessada entre duas realidades. entre uma realidade concreta que serve apenas para abrir portas à outra realidade alternativa. basicamente, uma base real suporta concepções interiores. há uma pergunta que permanece sem resposta: perante a possibilidade, seria ou não preferível a concretização, como uma fusão total de ambas?
da música e dos livros.
assustadoramente fascinante a convergência do que se ouve e se lê com a vida ou, como se tudo estivesse em sincronia num mesmo plano temporal e espacial. a certa altura já não sei se vivo o que leio/ouço ou leio/ouço o que vivo.
do ciclo de quedas.
quando, de um momento para o outro, deixamos de ter alguma coisa a que estávamos terrivelmente habituados a ter, cai-se. arranja-se todos e mais alguns mecanismos de sobrevivência, criam-se novos hábitos, arranja-se maneira de viver, mesmo abdicando de tudo. certo dia, tudo isso volta, sabemos que é momentâneo e que iremos voltar a perder, mas lá voltamos a dar tudo e voltamos a cair e a cair, vezes e vezes sem conta. e, é por isto, que hoje de manhã, o meu corpo parecia chumbado à cama.
da apatia.
"living by yourself and to yourself is like non-existing", true. sentir que apenas se está de visita na própria vida, como se não fosse nossa. parece que existe demasiado controlo. vai daí, não é necessariamente mau. já alguma vez te tornaste invisível? eu já.
de hoje ao descer a rua.
passei, o dia todo, com falta de ar. ao descer a rua do costume houve uma luta que ainda continua. a minha mente tenta a todo o custo negar, mas o desejo grita e implora que não pares. agora mesmo, com mais força, vem. pede-te que assumas o controlo de uma vez por todas. sinto-me atordoada e tudo à minha volta parece, ao mesmo tempo, estranho e familiar. apercebo-me de que já não estou só. em cada inalação, sinto a tua vontade cravada no meu ser, não estou em controlo. nisto, percorro todos os sítios que me fazem sentir-te por perto, sempre na esperança vã de sentir unicidade. we're just brutes, hooting and howling. "não me perguntes porquê mas sinto a necessidade incontrolável de te ter por perto, talvez ande a viver demasiado numa realidade que não esta. just say the word and i'll do as you say."
e a tudo isto se juntam todos os instintos animalescos que me fazem perder o norte e irracionalmente pedir por mais e mais, sem sequer pensar duas vezes. processar, só depois, quando se volta ao poço.
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