«todas essas interrogações que questionam o amor, que o medem, o perscrutam, o inspeccionam, não se arriscarão a matá-lo na casca? se somos incapazes de amar, talvez seja por desejarmos ser amados, ou seja, querermos alguma coisa do outro (o seu amor), em vez de chegarmos junto dele sem reivindicações e não querermos senão a sua simples presença.»
descer as escadas sem a tua presença não tem significado. o teu lugar permanece bem definido e, no entanto, sinto-te a diluir com a chuva. na verdade, no teu lugar não há nada senão o vazio provocado pela tua ausência (que só se justifica ser assim chamado pelo facto de estares lá habitualmente); à minha passagem não sinto o teu cheiro intenso, não imagino os teus olhos cravados em mim, não ouço a música que tu ouves, nem sequer faz sentido tentar desvendar os teus pensamentos ou, por outro lado, tentar forçar os meus a entrar na tua mente, através do olhar.
o dia passa, chega a minha/nossa hora. algo dentro de mim me sugere fazer o meu/nosso 'caminho do costume', caminho esse que já não piso há semanas, e foi assim que o dia dois voltou a ser dia zero: vejo-te de relance e todo o meu corpo é percorrido por uma descarga eléctrica - afinal não fugiste - continuo a caminhar. certo, até aqui nada mais do que a vontade de te ter presente. à medida que me afasto surgem outro pensamentos: não posso, no entanto, negar a vontade crescente que te levantes agora mesmo do sítio onde estás e venhas atrás de mim, me persigas velozmente, me agarres pelo braço e me guies para ti. sim, esta vontade é real. ao mesmo tempo observo cuidadosa e estranhamente tudo o que me envolve, ainda que esteja na verdade a olhar bem para dentro, para as profundezas do meu ser, numa tentativa de compreender: serei, então, incapaz de amar? na minha cabeça forma-se, por instantes, um clarão, apagando todas as reflexões. talvez sim, talvez não.
«desde que te amo, o mundo inteiro te pertence. por isso, nunca cheguei a dar-te nada. apenas devolvi. não espero retribuição. esta mensagem, contudo, pede resposta. à velha maneira: se gostas de mim, se me correspondes, dobra o canto desta carta e devolve-me amanhã.»
descer as escadas sem a tua presença não tem significado. o teu lugar permanece bem definido e, no entanto, sinto-te a diluir com a chuva. na verdade, no teu lugar não há nada senão o vazio provocado pela tua ausência (que só se justifica ser assim chamado pelo facto de estares lá habitualmente); à minha passagem não sinto o teu cheiro intenso, não imagino os teus olhos cravados em mim, não ouço a música que tu ouves, nem sequer faz sentido tentar desvendar os teus pensamentos ou, por outro lado, tentar forçar os meus a entrar na tua mente, através do olhar.
o dia passa, chega a minha/nossa hora. algo dentro de mim me sugere fazer o meu/nosso 'caminho do costume', caminho esse que já não piso há semanas, e foi assim que o dia dois voltou a ser dia zero: vejo-te de relance e todo o meu corpo é percorrido por uma descarga eléctrica - afinal não fugiste - continuo a caminhar. certo, até aqui nada mais do que a vontade de te ter presente. à medida que me afasto surgem outro pensamentos: não posso, no entanto, negar a vontade crescente que te levantes agora mesmo do sítio onde estás e venhas atrás de mim, me persigas velozmente, me agarres pelo braço e me guies para ti. sim, esta vontade é real. ao mesmo tempo observo cuidadosa e estranhamente tudo o que me envolve, ainda que esteja na verdade a olhar bem para dentro, para as profundezas do meu ser, numa tentativa de compreender: serei, então, incapaz de amar? na minha cabeça forma-se, por instantes, um clarão, apagando todas as reflexões. talvez sim, talvez não.
«desde que te amo, o mundo inteiro te pertence. por isso, nunca cheguei a dar-te nada. apenas devolvi. não espero retribuição. esta mensagem, contudo, pede resposta. à velha maneira: se gostas de mim, se me correspondes, dobra o canto desta carta e devolve-me amanhã.»
totalmenteee
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