15 de março de 2016

“dizia nunca esquecerei, e lembro-me.”

dizem que partilhamos cerca de 99,99%
do nosso genoma
com todos aqueles que nos rodeiam.
contigo,
partilho mais ainda.

“dizia nunca esquecerei, e lembro-me.”
de tudo o que fizeste por mim,
por nós, mas,
no fundo, 
sempre soube quem és realmente.

digo agora: para sempre quero esquecer, 
e lembro-me.

tento desde sempre diferenciar-me,
e não consigo.
vejo todas as nossas diferenças, 
mas sinto todas as nossas semelhanças.
sinto a inevitabilidade 
de ser.
como tu.
mais cedo ou mais tarde. 
acompanha-me
a raiva.

digo agora: nunca quis saber,
e lembro-me.
a realidade persegue-me,
e tropeço em ti.
sempre soube quem tu eras, 
tento esquecer, 
e sei sempre onde estás.

tento desde sempre distanciar-me,
e não consigo.
tens razão em afirmar a minha dependência, 
porque sem ti, nunca fui nada.
para onde quer que olhe, 
tu estás aqui.
a marcar todos os meus passos, 
enaltecendo 
tudo
o que me torna
incapaz.

digo agora: não sei nada de ti,
e lembro-me.
que para sempre vou lutar 
por esquecer.
que para sempre vou sentir
que estás em mim.
que para sempre vou querer,
ser mais eu do que tu.

dizia nunca esquecerei, 
e irei esquecer.

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