dizem que partilhamos cerca de 99,99%
do nosso genoma
com todos aqueles que nos rodeiam.
contigo,
partilho mais ainda.
“dizia nunca esquecerei, e lembro-me.”
de tudo o que fizeste por mim,
por nós, mas,
no fundo,
sempre soube quem és realmente.
digo agora: para sempre quero esquecer,
e lembro-me.
tento desde sempre diferenciar-me,
e não consigo.
vejo todas as nossas diferenças,
mas sinto todas as nossas semelhanças.
sinto a inevitabilidade
de ser.
como tu.
mais cedo ou mais tarde.
acompanha-me
a raiva.
digo agora: nunca quis saber,
e lembro-me.
a realidade persegue-me,
e tropeço em ti.
sempre soube quem tu eras,
tento esquecer,
e sei sempre onde estás.
tento desde sempre distanciar-me,
e não consigo.
tens razão em afirmar a minha dependência,
porque sem ti, nunca fui nada.
para onde quer que olhe,
tu estás aqui.
a marcar todos os meus passos,
enaltecendo
tudo
o que me torna
incapaz.
digo agora: não sei nada de ti,
e lembro-me.
que para sempre vou lutar
por esquecer.
que para sempre vou sentir
que estás em mim.
que para sempre vou querer,
ser mais eu do que tu.
dizia nunca esquecerei,
e irei esquecer.
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