14 de outubro de 2016

O dia amanhece, mas a noite permanece em mim. Peço-lhe que me deixe, tenho o sol à minha porta e ainda assim. Teimamos e eu deixo que ela fique. Eu quero e ela sabe que eu quero. Não sei porque quero, mas ela sabe. Talvez eu saiba. Mas a noite é já um ser independente de mim, exerce a sua força sem pedir licença. "Cheguei" diz ela. Corro para a porta tranco-me com ela, enlouqueço dentro dela e ela adensa-se em mim. Escuridão. Repito. "Já chega, o sol chama por mim", mas já nem sei o que disse ou sequer se o disse porque a minha voz nunca se faz ouvir. Que se foda quem pensa que a noite é para dormir. É apenas um desvairo de uma mente demente semi-consciente que anseia desistir. Morrer, talvez, ou antes, desnascer. É em desespero que lhe peço piedade, mas na verdade que seria de mim sem ela? Quando só ela me deixa não ser mais do que realmente sou: nada.

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