15 de janeiro de 2017

sobre a empatia
ouso acreditar que
não será tão quimérica
como se poderia pensar.


em cada conversa
há uma desfragmentação
do acerto
espacio-temporal,
um ponto tangencial
onde os nossos olhos se
encontram e se
desmontam.


e, num pequeno fragmento,
de humanidade,
de calor,
de harmonia,
é mesmo possível sentir
a tal empatia.


mas, sabes,
a falta dela não é
nem sequer passível de
ser julgada.
não se pode culpar, já que
nem todo o corpo que pisa a terra
foi feito de pesar,
capaz de palavrar.


a capacidade de ouvir e,
paralelamente,
sentir,
como sendo a sua própria pele,
não é algo propriamente inato,
exige
tempestades de suores,
labaredas de tremores.
terrenos comuns
terão sido rastejados,
ferimentos já sarados.
é aí que está o Zénite,
da questão,
o ponto exacto
desta imprudente intercepção.
já o cordis bate a um compasso diferente,
em dissonância com uma mente,
semi-convalescente.


porque, na verdade,
“a perspectiva faz do olho
o centro do mundo visível”
e
nesse momento,
nessa pequena partícula condensada
de tempo e espaço
alguém se torna,
simultaneamente,
o centro observador e
translacional
a outro centro
que o observa.


e aos olhares que assim se cruzam,
uma certeza:
por mais que se esforcem
essas mentes nunca mais
se descruzam.

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