14 de janeiro de 2017


e fugi para fora da sala
dei por mim noutra divisão da casa,
mas só mais uma do mesmo labirinto,
repleto de caras indistintas.
encostei-me ao móvel sem saber o que sentir,
num característico explodir/implodir.
foi então que me agarraste
e me puxaste contra ti,
contra nós
e chorei,
quase sem parar.


odeias que eu fume.
pegaste no meu maço e
levaste-me a fumar.
fomos para fora, fazia frio.
o norte será sempre frio.
fumei dois cigarros seguidos entre os tremores e as arritmias.
tentei falar, mas gaguejei sons indecifráveis e tu,
voltaste-me para ti,
abraçaste-me
“não digas nada,
não precisas de dizer nada,
chora só".
e eu chorei,
como se fosse possível chorar todas as minhas dores,
compreender a infinidade das cores 
e sorrir todos os desamores.

voltei ao centro-sul,
amanheço e anoiteço,
na esperança,
de um regresso conceptual,
que me agarre,
em cada espiral de distorcidos valores
que
se convertem em horrores.

de reis sem virtude,
caíram na história muitos principados.
também nós
cairemos em merda,
e atentando ao trono,
ansiaremos e creremos,
ser este o nosso destino, 
o nosso propósito,
jurando
continuar a ser
nós próprios.

mas
desta vez, 
meros duques,
ainda que do mesmo naipe.

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