sei de um crime à minha porta,
na minha mente pouco absorta.
está escuro e
há um momento que precede o silêncio puro.
olhos.
fechados, os meus,
abertos mas sem conseguir ver, os teus.
ouvidos.
ouvem, os meus,
ensurdecem-se, os teus.
assentimos com a cabeça,
sem que a alma estremeça,
desejando esquecer aquele grito
em nada circunscrito.
sei de um campo de concentração,
à nossa porta,
mas que em nada importa,
em nada afecta a busca de satisfação
do nosso tesão colectivo,
introspectivo,
que desesperadamente e
propositadamente
se esforça
no auge da sua ânsia
em toda a sua força
para manter a véu da ignorância,
camuflado de uma pseudo-tolerância.
equidade.
fraternidade.
liberdade.
significados de um dicionário
bastante precário,
nunca consensual,
pois talvez só existam
num contexto individual.
muitas questões, poucas respostas.
poucas perguntas, respostas defuntas.
no meio de todos os destroços,
sem alento, eu, animal sedento,
sem remorsos,
num acto de desespero,
encontro, São Junipero,
à minha porta,
onde a consciência morta,
se confronta e conforta,
numa fuga constante ao dilema,
de não saber ser
(parte da cura ou do problema),
nunca procurando desfecho definitivo,
mas somente paliativo.
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